Fim antes do fim


Do que adianta relembrar seu olhar
Se seus olhos não vão mais cruzar com os meus

Do que adianta buscar um abraço
Se o seu corpo não lembra mais do meu

Do que adianta querer lhe ouvir
Se você bloqueou todas as palavras

Do que adianta pensar em você
Se os seus pensamentos vagam tão longe

Do que adianta torcer por um reencontro
Se você nem sequer me permitiu dizer adeus

Do que adianta sentir saudades
Se nem as lembranças você quis preservar

Do que adianta ter sonhos
Se você nem sequer quis acreditar neles

Do que adianta viver por você
Se no túmulo da hipocrisia você fez questão de se enterrar

Meras verdades


Quem disse que o amor é calmo
É porque não viveu o encontro de dois corpos

Quem disse que o amor é só alegria
É porque não sentiu a dor da saudade
Quem disse que o amor é coeso
É porque não conhece os prazeres da contradição

Quem disse que o amor é sinônimo de liberdade
É porque não entende como o bom ser preso por vontade

Quem disse que o amor tem pilar no diálogo
É porque não vivenciou os deleites do silêncio

Quem disse que o amor é descritível
É porque não encontrou a razão do sentimento

Quem disse?
Pouco importa...
Vou-me agora, pois o amor não demora. 

Possibilidades


Se apenas por um instante
Você sentasse na cadeira ao lado
Fizesse da euforia um silêncio tímido
E olhasse devagar o retrato embaçado na parede

Se você sentisse o perfume doce
O toque suave que arrepia a alma
O grito que não foi ouvido
As letras que foram interrompidas pelo tempo

Se você tentasse refazer sonhos
Reviver momentos
Escrever uma nova história
Ou simplesmente reescrever alguns capítulos

Se você revivesse os desejos da juventude
Avançasse com passos largos o prazer
Encontrasse o “eu” na escuridão dos quereres
E não tivesse medo da junção de pronomes

Ah!
Se o “se” deixasse de ser hipótese
A esperança talvez não fosse abortada
E o amor não se tornaria tão inatingível

O amor é um espetáculo


Viva!
Nossos olhares se encontraram
Nossas bocas se perderam
Uma história começou a ser escrita

Foi num domingo de inverno
Em meio a um espetáculo circense
Que o palco perdeu o brilho
E o público se sustentou em nós

A paixão de infância se reacendeu
As mãos transpiraram
Os corações gritaram enlouquecidamente

O sentimento acabou roubando a cena
E não havia palhaço algum
Capaz de mudar a diversão

Houve a entrega
O cultivo de novos sonhos
A busca por quereres púberes
Um encontro cheio de malabarismos

O amor se tornou o espetáculo
Onde nós fomos os protagonistas
Apresentando as melhores cenas
E nos deliciando em aplausos enérgicos