Meu amor foi embora



No escuro da noite,
Nas pontinhas do pé,
No silêncio infeliz,
Você apareceu.

Chegou como quem não queria nada,
Falando pouco,
Observando muito,
E, sorrindo quase nada.

Mostrou cores,
Bailou poesia,
Cantou as mais belas melodias.

Me envolveu e me seduziu,
Roubou as cenas da minha vida,
Transformou dois em um.

Conheci a paixão,
Senti o prazer,
Mergulhei na ida sem volta.

Vivi,
Revivi,
Acordei!

Meus olhos viraram rios de lágrimas,
Gritos de dor,
Súplicas de desespero.

Num dia você chegou;
Trouxe o amor,
E, agora resolveu levá-lo embora.

Simplesmente Mulher



Busquei o respeito,
Busquei a independência,
Busquei a liberdade,
Busquei a minha própria identidade.

Lutei contra a violência,
Lutei para ter mais que afazeres domésticos,
Lutei pela democracia,
Lutei para ser compreendida.

Mostrei que sou a luz na escuridão;
Mostrei que sou conforto no abismo.

Mostrei que sou mulher.
Mulher, com "M" maiúsculo.

Vida sem saída


Andava sozinha,
Recuada,
Perdida em meio às desilusões.

Os caminhos pareciam turvos,
Havia sombras por toda parte,
A tristeza penetrava por entre os bosques.

Os pássaros cantavam melodias melancólicas
E, fugiam ao raiar do sol.

As flores desabrochavam
E, murchavam antes que o vento
Pudesse tocar suas pétalas.

As árvores viviam deprimidas
E, as folhas a beira da morte
Suplicavam o néctar da vida.

As pessoas pareciam mais egoístas,
Egocêntricas ao extremo
Repudiando o prazer.

As palavras não tinham mais esperança,
Não se uniam umas as outras,
Viviam em paradoxo.

O mundo não era cor de rosa,
E, tão pouco chegava ao preto e branco;
Era apenas uma esfera insignificante,
No lastimoso sentido de não encontrar sentido algum.

Nosso encontro


Quando te encontrei,
Uma sensação estranha,
Também foi encontrada.

Seus olhos grandes e pretinhos,
Uniram-se aos meus,
Refletindo o íntimo de dois seres.

A boca vermelha ficou recuada,
Brigando com a vontade.

Os braços tornaram-se incompreensíveis,
Querendo unir a inspiração
Com a contradição.

O corpo ficou trêmulo,
Aprisionado no desejo,
Alucinado em pensamento.

A respiração tornou-se ofegante,
Causando um êxtase tão puro
E, ao mesmo tempo desconfortável.

O coração renasceu
Num relance de simpatia,
Cantando melodia em forma de euforia.

Bebi a poesia,
Enlouqueci a alma,
Sequei a existência de sermos dois,
Para viver o suspiro de sermos um só.

Luiza


Mulher forte,
Guerreira,
Batalhadora,
De coração doce,
E alma repleta de alegria.

Mulher de muitos sonhos,
Poucos enigmas,
E, grandes ideais.

Mulher inocente,
Sofrida,
Com a infância adormecida.

Mulher de face rosada,
Sorriso evoluído,
Olhos pequenos e compreensíveis.

Mulher das mãos cansadas,
Dos cabelos brancos,
Do corpo maltratado pelos anos que não voltam mais.

Mulher filha,
Mulher mãe,
Mulher avó.

Mulher que luta,
Que perde,
Que ama,
Que sofre,
Que vence,
E, é vencida.

Mulher de nome Luiza.

Luiza de oitenta anos,
Que vive e sabe por que vive.

Luiza, simplesmente Luiza.

Antes e depois de você


Havia perdido a esperança
O mundo parecia inútil
As ruas eram sombrias
E, a vida pálida demais

Os caminhos estavam lentos
Difíceis de conduzir
Fundindo-se em dramas e lágrimas

Sofria com a solidão
Por não conhecer o calor
E as batidas aceleradas de um coração

Há tempo gritava por piedade
Queria algo intenso
Nem que fosse pra deixar saudade

Queria o primeiro amor
As palavras moles e doces
O fogo que não queima
O sentimento que transforma

E, quando tudo não passava de querer
Eis que surge você

Com uma sensibilidade envolvente
Olhar penetrante
E, beijos ardentes

A demora virou passageira
O conto virou realidade
A vida virou poesia

O escuro inicial se quebrou
O sentimento se tornou envolvente
O infinito se fez presente

Eu conheci o amor
Eu conheci você

É Natal



Os sinos tocam
O dia amanhece diferente

Caminho em direção a sala
E encontro a árvore regada de presentes

Embrulhos verdes
Outros vermelhos
Laços de cetim reluzentes
E, cartões por toda parte

A guirlanda está mais bonita
As luzes brilham mesmo durante o dia
Os enfeites parecem competir formosura

O lar fica mais aconchegante
A família toda reunida
Os amores entrelaçados

É natal...

Tempo de rever conceitos
Mandar pra longe os tormentos
Reencontrar a esperança
E sorrir como uma criança

A beleza de hoje em dia


A beleza dormiu nos conceitos
Mudou pensamentos
Superou a existência

A beleza roubou cenas
Multiplicou artificialidade
Coloriu o mundo com "maquiagem"

A beleza despertou problemas
Estendeu a ganância
Rebocou a vaidade

A beleza poupou a essência
Desarmonizou o diferente

A beleza avermelhou os rostos
Sintonizou os corpos
Uniu-se ao capitalismo

A beleza deixou de ser minha
Deixou de ser sua
Para ser somente mais uma forma de exclusão
Onde ser bonito é regra
Sem direito a exceção

A chuva e suas lembranças


Que noite!... Uma ventania me perturba
O frio penetra velozmente pela janela,
A paisagem fechada causa receio
O luar pálido vai se despedindo

O caminho vai se fechando
O tempo deixa o brilho cintilante de lado
Os pingos começam a cair
E, com eles, o choro em minha face

O descontentamento é refletido sob a luz fraca da sala
O coração de donzela relembra o passado
E, o que um dia encantou
Hoje, faz o coração repulsar em soluços intensos

Os pingos, viram chuvas
As lágrimas, desespero

Vejo-me prejudicada
Sem consciência dos meus atos
Com a ignorância do rancor

Não admiro o sentimento
Nem as suas contradições

Sofro...
Sinto o espírito bêbado da amargura tomar conta de mim
E, percebo que não passo de uma obsessão doentia
Envolvendo o querer
Com o que não posso ter

Amor e suas estações


Ah!...
Lembro-me do doce verão
Dos seus braços no embalo dos meus
Da sua boca quente nas volúpias do desejo
Dos teus afagos lentos, e intensos

Ah!...
Lembro-me do outono
Da sua pele branquinha
Dos beijos molhados
Das tardes quentes que passamos juntos
Da ilusão do dia ser eterno

Ah!...
Lembro-me do inverno
Do frio que leva ao prazer
Do abraço aconchegante regado de poesia
Da melodia suave vinda do seu suspiro
Da paixão que embriaga a alma e distrai o coração

Ah!...
Lembro-me da primavera
Do namorico debaixo do ipê amarelo
Das folhas verdinhas nos fazendo companhia
Das mãos entrelaçadas
Do sublime desejo de amar e ser amada

Ah!...
Lembranças não me faltam
E, hoje no cair da tarde
Elas se tornam apenas companheiras da solidão
Aguardando a chegada de mais uma estação

Meu mundo se chama Esperança



Vivo por aí buscando respostas.

Olho para o lado e encontro a fome,
Atravesso a rua e tropeço na miséria.

Entro no ônibus e ao meu lado senta-se a corrupção,
Mais adiante entra a violência.

Quero descer.
Não aguento mais.

O que me resta?

Esperança de ver o mundo melhor,
Esperança de ver pessoas melhores.

Você...


Você não tem asas
Mas, pode voar

Você pouco ouve
Mas, pode falar

Você às vezes se esconde
Mas, pode sonhar

Você me faz de refugio
E, ao mesmo tempo quer me amar

Você me pede presença
Mas, insiste em pedir licença

Você...
Quer e não quer

Você...
Diz e não diz

Você...
Simplesmente Você!

Amor e suas reações


O amor é fascinação,
É promessa de felicidade,
Melancolia de quem não tem.

O amor é esquecimento da alma,
É choro inconstante,
Razão que não se paga.

O amor é verbo sem conjugação,
É solidão acompanhada,
Sussurros de saudade.

O amor é desejo incontrolável,
É lamentação desordenada,
Sorrisos na multidão.

O amor é fascinação de promessas,
É idealização de muitos,
Destino de poucos.

O amor sou eu,
O amor é você.

O amor...
É a soma de nós dois.

Era uma vez um Yorkshire



O cãozinho de pelagem brilhante,
De comportamento carinhoso e doce,
Gostava de receber atenção.

Era pequeno,
Sociável,
E, brincalhão.

Não sabia falar,
Mas entendia tudo
Sem pedir explicação.

Considerado amigo do homem,
Oferecia muito,
E, recebia pouco.

Um chute aqui,
Um maltrato ali,
Uma tortura acolá.

Quanta tristeza!
Não dava para suportar.

O jeito foi ir embora,
Calando-se para sempre,
Envolto pela maldade humana.


* Esta poesia foi a forma que encontrei de manifestar minha indignação pelo caso da Enfermeira que matou o cachorrinho Yorkshire. A notícia foi publicada na quinta-feira (15) através de um vídeo possivelmente feito da janela de uma casa vizinha. No vídeo a mulher chuta, joga o cão contra a parede e dá golpes com balde na cabeça até matar o indefeso cachorrinho. Não vou colocar o vídeo aqui, pois, as cenas são muito fortes.

Onde está a Poesia?


Era um lugar frio.

Sentia sede,
Sentia sono,
Sentia fome.

As palavras eram escassas...

Existiam pegadas por toda parte,
Mentiras camufladas,
Parábolas inacabadas.

Via sombras.
Faltava vida.

Tristeza,
Murmúrios,
E, o doce e medonho silêncio,
Pairavam no ar.

Este era o lugar...
Lugar onde a poesia não chegou,
Ou, simplesmente foi mandada embora.

A lua, eu e você


No ressurgir de uma estrela no céu,
Surge também um sorriso cristalino,
Branco, envolvente e transparente.

Diante de uma lua carente,
Em um lugar esquisito,
Ouço cantos com sabor de mel.

A lua deita em sua lamúria,
Esparrama entre suspiros recolhidos.

E, lá vem ele.
É o amor...
É meu menino.

Era inverno


Lá fora o vento gelado assobiava melodias.
As árvores tentavam mostrar as folhas verdinhas por detrás do tempo nublado,
As flores dançavam de um lado para o outro para ver se esquentavam e sobreviviam ao frio cruel.

Era inverno...

Lá dentro os agasalhos eram disputados.
O café era obrigado a estar sempre bem passado e quentinho,
Os calçados não ficavam mais espalhados pelos cantos da casa,
O ventilador foi trocado pelo cobertor.

Era inverno...

O abraço quente me confortava,
O beijo molhado me apaziguava,
O coração pulsava em ritmo acelerado.

Do frio, veio o calor da unção de dois corpos.
Naquele instante era somente eu e você,
Era você e eu!

E o inverno?
Este, nem me lembro mais por onde anda.

Falar é fácil



A vida parece uma piada,
E, muitas vezes,
Sem graça.

As pessoas falam de igualdade,
De respeito,
Do preconceito.

Dizem ser boas,
Compreensíveis,
Adeptas aos vários tipos de pensamentos.

Falam de tudo.
Comentam de tudo.
Palpitam tudo.

Mas, quando encontram pela frente o "diferente",
As palavras somem,
E, as atitudes nunca se manifestam.
Ficando apenas a pergunta...
Do que valem tantas falas?

O tempo passou


Faz frio lá fora.
As janelas batem,
E, os galhos das árvores parecem brigar,
Enquanto balançam de um lado para o outro.

Na casa, as luzes piscam,
O cheiro forte do mofo invade o ambiente.
As louças estão todas empilhadas,
E, sujas.

Os pregos das paredes parecem mais profundos,
A televisão continua sem cor
E, o "chuvisco" permanece de canal a canal.

Estou inquieta!
Confusa.

O tempo passou depressa demais
Porém, neste momento, não mais o sinto.

Tudo parece estar como deixei;
Só que mais imundo,
Mais nojento.

Fechei os olhos para a vida,
Tranquei-me na escuridão da alma,
Desliguei-me dos sentimentos tentando não conhecê-los,
Evitei-me entregar as loucuras da vida.

Perdi Tempo!
Tempo, perdi.

Hoje só me resta a casa mal arrumada;
As lembranças do que não vivi;
Os abraços que não dei;
Os beijos que neguei;
As pessoas que não conheci.

Tempo! Maldito tempo!
Grita insistentemente o fim,
Sem a chance do recomeço.

O amor nunca acaba


Hoje acordei com um sopro no rosto
Era frio, seco mas, ao mesmo tempo esperado

Nesse momento parei
Olhei em volta
Olhei de lado
Sorri

Os olhos não enxergaram nada
Porém, o coração entendeu tudo

O sopro era um sinal
Aqueles vindos do céu
Que sem pedir permissão
Invadiu meu quarto
E, deixou o recado

O sopro era seu beijo
O mesmo que me acordava todo dia
E, sussurava no ouvido bem baixinho
"Eu te amo"

Acordei com o sopro
E, dos meus olhos jorraram a certeza
Que mesmo longe
Você ainda estava alí do meu lado
Provando que o amor nunca acaba
Apenas precisa dar continuidade em outras dimensões

Como eu queria voltar a ser criança


Que saudade de corer para os braços de mamãe,
E voltar a ter a inocência de uma criança.

Saber a hora de brincar,
De cantar,
De correr,
De cair,
E, de se levantar.

Não entender o tempo,
E, muito menos as pessoas.

Saber fazer o que o coração manda,
Sempre com um sorriso no rosto,
E, um brilho no olhar.

Ah! Como eu queria voltar a ser criança...

Saudade de brincar de amar


Hoje me bateu uma saudade!

Uma saudade que aperta o peito,
Mascara a alma,
Sufoca o coração.

Lembrei-me de quando te vi,
Naquela esquina estreita,
Num dia sem lua e com só uma estrela.

Você, com olhos de menino,
Eu, com vontade de você.

Éramos dois, mas, parecíamos um só.

Seu beijo casou com o meu,
Sua vida passou a ser também a minha.

Vivemos o amor,
Brincamos de amar.

Um dia você não me avisou,
E, sem que eu percebesse,
Parou de brincar.

Ainda sinto saudade...
Saudade de brincar de amar.

A arte de escrever


Escrever,
é meu alento,
é a forma de dizer o que penso,
é ser médium da beleza que há nas palavras,
é ver o movimento mesmo quando tudo está quieto.

Escrever,
é esquecer que sou uma só,
é falar para o mundo o que os lábios não conseguem,
é fazer registro, mesmo quando não há nada para se registrar.

Escrever,
é chegar ao êxtase ,
sem precisar se “decompor”.

Escrever,
é uma loucura insana,
é ver o certo,
sentir o errado,
mergulhar no solitário.

Escrever,
é uma arte que pode ser tudo,
e ao mesmo tempo...
ser nada.

* Poesia inscrita no 2º Concurso de Poesias da Universidade de Uberaba (Uniube). Premiada com o segundo lugar e divulgada na Coletânea de Poesias "Sensações da Alma" (http://issuu.com/uniubesite/docs/sensacoesdalama)

A felicidade está nos detalhes

 
Andei procurando respostas,
Indagando situações,
Suspirando surpresas,
Invocando a emoção.

Andei a procura do que é ser feliz,
Do que é essa tal felicidade...

Cheguei a acreditar que ela era irmã dos verbos "ter", "ser" e "poder!
Pensei até que poderia sair conjugando a irmandade.

Ledo engano!

A Felicidade não está em palavras,
Não acompanha ações,
Não se conjuga,
Nem faz parte de orações.

A felicidade está na simplicidade do vento,
No calor da alma,
E nos detalhes...
Sim, nos meros e simples detalhes da vida.

Poesia Impulsiva, muito prazer!

Olá, bom dia.

É hora de se apresentar... Meu nome é Fernanda Resende, sou jornalista e amante das palavras. "Poesia Impulsiva" é um blog que há muito tempo venho sonhando em desenvolver para levar aos mais diversos tipos de internautas um pouquinho da poesia e de suas manifestações.

O nome "Poesia Impulsiva" foi escolhido, pois, ser poeta, é dizer aquilo que é necessário dizer. É viver "brigando" com a razão e agindo pela emoção. É causar conflitos com as palavras e às vezes não pensar duas vezes para transmitir uma ideia. É ser simples e confuso ao mesmo tempo. É amar as palavras e não ficar em cima do muro quando é hora de uní-las.

Muito Prazer! Fique a vontade. Sou "Poesia Impulsiva" mas, aceito críticas e sugestões.