Hebe Camargo disse adeus


Era primavera
Mas o dia amanheceu sem cor
O céu não quis sorrir
E as flores se derreteram em lágrimas profundas

O sol resolveu se esconder
As nuvens preferiram não se manifestar
A saudade foi atrevida e perambulou
Em meio a uma multidão que dizia “não acredito”

O susto se fez presente
Tirando o chão de muitos
Deixando indagações sem respostas
Transformando nostalgia em mais nostalgia

O adeus tocou e sossegou os cabelos loiros
Calou a voz doce e meiga
Deu um tempo para a dor
Fez do “selinho” uma marca registrada

Acionou a história
Relembrou momentos
Concretizou dizeres
Permitiu quereres

O adeus mandou o charme lá pra cima
Deixando frutos de uma diva
Se solidificarem em um só nome
- Hebe Camargo, a “Gracinha” dos brasileiros

* Essa é uma homenagem do blog Poesia Impulsiva a loira mais famosa da televisão brasileira – Hebe Camargo. A diva disse adeus na madrugada de sábado (29/09/2012), aos 83 anos, após uma parada cardíaca, em São Paulo. Desde janeiro de 2010, Hebe lutava contra um câncer no peritônio.

Felicidade



Ser feliz
É sorrir sem motivo
Acreditar quando ninguém acredita
Viver quando tantos outros já desistiram

Amores vêm e vão



O tempo passa
As horas voam
Os amores vêm
As paixões já se foram
O riso chega
O choro vem logo em seguida
As lembranças se eternizam
A saudade clama pelo regresso
O mundo amadurece
Sentimentos se fundem
Olhos se atraem
Corpos se encontram
Palavras desaparecem
Ouve-se gemidos
É o amor...
A junção de dois seres
Que desejam ser um só

Porta


Toc-toc...
Quem é?
- É a paixão

Paixão entra
Paixão sai

Toc-toc...
Quem é?
- É a desilusão

Desilusão entra
Desilusão sai

Toc-toc...
Quem é?
- É o amor

Amor entra
Mas quando sai deixa saudade

Amor além da vida



Hum!
O tempo parece não passar
A saudade insiste em se divertir a conta-gotas
A lembrança sobrevive intacta em meio aos lençóis

Na casa, o seu cheiro ainda me inspira
Envolvendo-me em desejos tão nossos
Aprisionando-me em quereres tão meus
Escondendo o amargo da verdade

Sinto o seu toque
Tão rude, tão doce
Tomando posse de mim
Sussurrando palavras desesperadas por amor

Ah!
Procuro por você
Ontem, hoje, sempre
Na esperança de um dia seus lábios reencontrarem os meus

Criança do século XXI



Acorda!
Escova os dentes
Rápido
Vai para a sala
Liga a TV
Pega o pão
O leite com achocolatado já está quente
Engole
Coloca na boca o chiclete
Masca
Perde o gosto
Joga fora
Mexe
Remexe
Desliga a TV
Liga o computador
Brinca
Conversa
Vê o que não pode
Sai
Entra de novo
Clica
Curte
Compartilha
Desliga de novo
Almoça
Nada de verduras
Legume nem pensar
Corre, o tempo não espera
Vai para o vídeo-game
Ganha
Perde
Faz cara feia
Sorri do nada
Para
Continua
Desiste
Pega a bolacha recheada
Devolve
Prefere o sanduíche
Cadê as “fritas”?
O refrigerante está quente
Tem pressa
Já comeu
Volta para a TV
Desliga
Volta para o computador
Desliga
Volta para o vídeo-game
Desliga
Pega um livro
Cansa
Deixa jogado
Pega de novo
Deu sono
Dorme...
O processo se repete amanhã

Ironia



Ironia é sorrir
Quando o coração insiste em chorar

Ironia é falar
Quando a plateia não quer ouvir

Ironia é escrever
Quando não existe leitor para ler

Ironia é ouvir
Quando o sentimento nada tem a dizer

Ironia é amar
Quando o “estar junto” já não faz bem

Ironia é viver
Quando a humanidade insiste em estar morta

Do romance ao casamento


Um dia meu olhar cruzou com o seu
O coração bateu acelerado
As borboletas invadiram o estômago
O pranto encontrou o riso

A solidão que antes me fazia companhia
Foi embora sem deixar vestígios
E o pensamento se encantou
Com a presença do amor

O infinito se tornou possível
O eterno não mais se escondeu
O contentamento foi além do encanto
E a razão resolveu se perder em meio aos sentimentos

Veio então... o romance
O andar de mãos dadas
O sorrir para o nada
Os bilhetes melosos que sempre acompanham a paixão

Ah!!! E o primeiro “Eu te amo”
Tão doce
Tão puro
Tão nosso

E o tempo passou...
E na primavera de flores tão apaixonadas
O namoro amador
Se transformou em um passo sensato

E agora, já no inverno
Em meio a centenas de olhares
O meu encontrará novamente o seu
Para entao se perder no “felizes para sempre”

* Esta poesia eu fiz em homenagem a minha irmã Renata. No dia 15 desse mês ela se casará com o amor da vida dela – José Roberto. Eu acompanhei toda a história e acredito que a poesia acima descreve muito da história dos dois. Peço licença aos leitores para deixar aqui os meus sinceros votos de felicidade ao casal.

Desassossego da Mente


Há uma confusão dentro de mim.
Minha mente não sossega,
Diz querer e não quer,
Sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

Precisa criar...
Colocar ideias no papel,
Fazer de palavras, belas escritas;
De rabiscos, a mais luxuosa arte.

Quer transformar o mundo.
Borrar a hipocrisia,
Apagar a desigualdade,
Colorir os olhos mudos.

Necessita de poder...
Para fazer o possível,
Aceitar alguns limites,
E não ter medo de atropelar o impossível.

Quer sentir a liberdade.
Respirar o ar nobre da criação,
Mostrando com atos simples
Que nasceu com vocação.

Sossega!
Pare um pouco de me atormentar.
Chega...
Eu já entendi que é preciso constantemente inventar.