Bem-vindo novo ano


Hum!
É hora de abrir as gavetas
Tirar a bagunça acumulada
Experimentar lembranças
Viajar nos pensamentos só meus

É hora de confiar e ser confiante
De resgatar a infância de adulto
De buscar nos sonhos um escudo
Que proteja das desistências
E ascenda a vontade de lutar sem medo do fracasso

Hum!
É hora de cair no samba
Deixar o vento me levar
Arremessar para longe a vaidade
Aceitar e se deliciar com o que e quem eu sou

É hora de chorar de alegria
De me perder em desejos
De implorar a volta de um futuro ausente
E caminhar impulsiva porta afora

Hum!
Não quero fantasmas me assombrando
Línguas malditas relembrando feridas já cicatrizadas
Quero é incerteza...
Porque quem tem certeza não precisa se entregar ao novo

Que venham as oportunidades
As conquistas, as realizações
Amores e mais amor
E que 2013 sorrisos sejam distribuídos
Durante os 365 dias hipotéticos deste ano

* Esta poesia dedico a todos os leitores do blog Poesia Impulsiva. Obrigada pelo carinho e cumplicidade. Se 2012 foi bom... 2013 será muito melhor.  Que o novo ano seja belo como os versos, livre como as estrofes e complexo como a poesia. Feliz 2013!!!

Ciúme


"Tenho ciúme de você"
Já dizia uma canção
Que ao sair das letras musicais
Resolveu habitar um pobre coração

O ciúme me abraçou
Ou talvez me sufocou
Chegou sem pedir licença
Causando transtornos em uma mente antes lúcida

Trouxe consigo a dor
A insegurança tão absurda
Um veneno para os olhos
E uma lágrima para as minhas próprias criações

Acorrentou-me
Deu uma rasteira nas certezas que eu tinha
Atravessou o peito
E, não satisfeito... amolou a alma

Não conseguiu ser parceiro do amor
Do sentimento que gritava por liberdade
Enquanto o ciúme, surdo, entendia por prisão
E em idas e vindas enforcava os vertígios de emoções

Ah!!!
O amor se foi
O ciúme perdeu a graça
E resolveu partir também

Ano Novo


Respire!
Sugue o medo
Drene a mente
Engula o orgulho
Condene o mau-humor

Concentre!
Acorrente o fracasso
Esqueça o desespero
Abrace sonhos
Queira as conquistas

Deseje!
Espante a sua própria escravidão
Lembre-se do tempo e espaço
Projete o que ficou para trás
Insista, mesmo quando todos já desistiram

Faça!
Abra portas
Quebre janelas
Encontre o “eu”
Contrário e melhor do que no passado já foi

Sorria!
Comemore cada manobra
Ria do nada ou do tudo se lhe for permitido
E de maneira nenhuma
Desista de ter ou ser quem você merece

Fim do mundo



O fim quando se revela
Na verdade não se revela
Encontra-se nas bocas malditas
Perde-se em meio a multidões enfurecidas

Diz que o calor é agora
Da água parece esquecer
Lembra-se dos terremotos
Esconde nas idas e vindas dos tsunamis

Tenta adivinhar dizeres
Faz planos [eles se perdem]
Fala para sossegar
Cala-se para não lembrar

Se isto é o fim...
Prazer!
O poeta já vai indo
A poesia, teimosa, diz não aceitar a despedida

Poeta maluco

Sou poeta maluco
Maluco eu sou
Como palavras
Deito-me com os versos
Estupro as estrofes
E no fim...
Dou gargalhada
Da minha própria CRIAÇÃO

O homem



O homem ...
Luta
Ganha
Perde
Constrói
Destrói
Ama
Maltrata
Ilude
Culpa
Perdoa
Chora
Sorri
Diz
Não diz mais
Vive!
E não sabe pra que
Nem porque [vive]

Saudade do menino


Eis um pesadelo que me aflige
Um ser com lágrimas
Com o intuito de ser só
Vivendo sem rumo
Vivendo sem canto
Sonhando com nada

Ah, coração!
Bandido
Traiçoeiro
Sem escrúpulos
Sem dor...
Ou com dor demais

Sinto teu cabelo esvoaçado
Encostando-se ao meu
Sua boca macia
Engolindo a minha
Seu toque quente
Delirando-se em prazer contínuo

Doce menino!
Eis que fez milagres
Apresentou-me o amor
Envolveu-me numa paixão sem nexo
E depois de um suspiro intenso
Se foi... [sem dizer se voltaria]

Brasília é uma festa



O ambiente ganha forma,
As luzes enaltecem as cores,
Uma melodia tímida vem surgindo devagar
Anunciando uma festa sem hora para acabar.

Nos painéis fixados na parede,
A história começa a ser relembrada,
E os cinquenta e dois anos provam a experiência
De uma Brasília que não perdeu a essência.

Brasília do presidente Juscelino Kubitschek,
Do urbanista Lúcio Costa,
Do renomado arquiteto Oscar Niemeyer.

Brasília do Brasiliense,
Do Candango,
Do Turista.

Brasília do silêncio harmônico,
Das manifestações trabalhistas,
Das belezas singulares notórias,
Dos direitos e deveres que não adormecem.

Brasília da política,
Do clima tropical,
Da cultura sem igual.

Brasília...
Eis que é festa devotada
Submersa nas memórias
De sonhos um dia concretizados.

Capital sem felicidade reprimida
Cidade planejada e amada
Onde se comemoram os frutos
Valorizando as sementes plantadas.

Tragam o bolo,
Apaguem as luzes,
Soprem as velas,
Batam palmas.
Brasília é uma festa!

* Poesia inscrita no Concurso de Literatura Brasília é uma Festa

Quereres


Quero embebedar em seu corpo
Perseguir seus desejos
Aventurar em seus anseios

Quero envenenar minha alma
Perder-me no prazer das madrugadas
Viver e reviver momentos ao seu lado

Quero suspirar com seu toque
Delirar com seus beijos
Entregar-me na aventura de ser só "eu" e "você"

Chocolate



Hum!
É doce
Suave
E às vezes amargo

É bom de olhar
De tocar
De sentir
E degustar

Traz calma
Provoca delírios
Mata ansiedade
E deixa de lado o pecado

É quente
Envolvente
Irresistível
E viciante como um beijo

Tem várias formas
Desfila em diferentes embrulhos
É fino
E por que não popular?

Tem “Prestígio”
Sabe valorizar o próprio “Talento”
Embala em um “Sonho de Valsa”
Deixando a platéia a pedir “Biz”

Hum!
Chocolate
Quero me perder em suas variedades
E me encontrar a cada nova mordida

Processo de Criação Poética



Viva!
A inspiração me cativa
O desejo me embriaga
As palavras se confundem com um doce aroma no ar

Vejo versos desvairados
Bebendo sentimentos
Beijando ardentemente os versos
Transformando pureza em desejos

Quantas folhas já não foram rasgadas
Em meio a delírios ao cair da tarde
Estrofes incompreendidas se suicidaram
Renunciando ao êxtase do poeta

Viva!
É hora de me entregar
Entorpecer-me com o prazer da criação
Envenenar-me com a sensibilidade de vermes famintos 

Quero compreender o incompreendido
Encontrar-me na minha própria perdição
Viver e morrer
Após cada poesia

Não prometi



Não
prometi te esquecer
desligar-me das aventuras tão nossas
ser prisioneira de uma saudade problemática

Não
prometi chorar solitária
ver o sentimento perder a essência
mergulhar na desgraça da desilusão

Não
prometi viver de palavras sinfônicas
arrepender-me do que fiz
Suplicar perdão em meio a multidão

Não
prometi me tornar cega no íntimo
colocar pedras no coração
mutilar o que muitos chamam de amor

Não
prometi ser perfeita
desfrutando de vontades tão suas
e esquecendo os desejos tão meus

Não
prometi que cumpriria promessas
ou simplesmente
esqueceria delas

Teus Beijos


Hum!
Quando te beijo vivencio momentos
Conheço o céu
Dou uma passada pelo inferno

Sinto o toque suave da tua boca
Envolvo-me
Entrego-me ao arrepio momentâneo
De duas bocas que querem ser uma só

Silêncio!
Ouço tua respiração
Exagerada, cômica e doce
Perdendo-se em meio ao prazer

O teu coração grita
Chama pelo meu
Contempla o estar preto
Domina o sentimento

Os lábios se separam
Unem-se mais uma vez
E num desejo louco e quente
Embriagam-se no delírio do “quero mais”

Hebe Camargo disse adeus


Era primavera
Mas o dia amanheceu sem cor
O céu não quis sorrir
E as flores se derreteram em lágrimas profundas

O sol resolveu se esconder
As nuvens preferiram não se manifestar
A saudade foi atrevida e perambulou
Em meio a uma multidão que dizia “não acredito”

O susto se fez presente
Tirando o chão de muitos
Deixando indagações sem respostas
Transformando nostalgia em mais nostalgia

O adeus tocou e sossegou os cabelos loiros
Calou a voz doce e meiga
Deu um tempo para a dor
Fez do “selinho” uma marca registrada

Acionou a história
Relembrou momentos
Concretizou dizeres
Permitiu quereres

O adeus mandou o charme lá pra cima
Deixando frutos de uma diva
Se solidificarem em um só nome
- Hebe Camargo, a “Gracinha” dos brasileiros

* Essa é uma homenagem do blog Poesia Impulsiva a loira mais famosa da televisão brasileira – Hebe Camargo. A diva disse adeus na madrugada de sábado (29/09/2012), aos 83 anos, após uma parada cardíaca, em São Paulo. Desde janeiro de 2010, Hebe lutava contra um câncer no peritônio.

Felicidade



Ser feliz
É sorrir sem motivo
Acreditar quando ninguém acredita
Viver quando tantos outros já desistiram

Amores vêm e vão



O tempo passa
As horas voam
Os amores vêm
As paixões já se foram
O riso chega
O choro vem logo em seguida
As lembranças se eternizam
A saudade clama pelo regresso
O mundo amadurece
Sentimentos se fundem
Olhos se atraem
Corpos se encontram
Palavras desaparecem
Ouve-se gemidos
É o amor...
A junção de dois seres
Que desejam ser um só

Porta


Toc-toc...
Quem é?
- É a paixão

Paixão entra
Paixão sai

Toc-toc...
Quem é?
- É a desilusão

Desilusão entra
Desilusão sai

Toc-toc...
Quem é?
- É o amor

Amor entra
Mas quando sai deixa saudade

Amor além da vida



Hum!
O tempo parece não passar
A saudade insiste em se divertir a conta-gotas
A lembrança sobrevive intacta em meio aos lençóis

Na casa, o seu cheiro ainda me inspira
Envolvendo-me em desejos tão nossos
Aprisionando-me em quereres tão meus
Escondendo o amargo da verdade

Sinto o seu toque
Tão rude, tão doce
Tomando posse de mim
Sussurrando palavras desesperadas por amor

Ah!
Procuro por você
Ontem, hoje, sempre
Na esperança de um dia seus lábios reencontrarem os meus

Criança do século XXI



Acorda!
Escova os dentes
Rápido
Vai para a sala
Liga a TV
Pega o pão
O leite com achocolatado já está quente
Engole
Coloca na boca o chiclete
Masca
Perde o gosto
Joga fora
Mexe
Remexe
Desliga a TV
Liga o computador
Brinca
Conversa
Vê o que não pode
Sai
Entra de novo
Clica
Curte
Compartilha
Desliga de novo
Almoça
Nada de verduras
Legume nem pensar
Corre, o tempo não espera
Vai para o vídeo-game
Ganha
Perde
Faz cara feia
Sorri do nada
Para
Continua
Desiste
Pega a bolacha recheada
Devolve
Prefere o sanduíche
Cadê as “fritas”?
O refrigerante está quente
Tem pressa
Já comeu
Volta para a TV
Desliga
Volta para o computador
Desliga
Volta para o vídeo-game
Desliga
Pega um livro
Cansa
Deixa jogado
Pega de novo
Deu sono
Dorme...
O processo se repete amanhã

Ironia



Ironia é sorrir
Quando o coração insiste em chorar

Ironia é falar
Quando a plateia não quer ouvir

Ironia é escrever
Quando não existe leitor para ler

Ironia é ouvir
Quando o sentimento nada tem a dizer

Ironia é amar
Quando o “estar junto” já não faz bem

Ironia é viver
Quando a humanidade insiste em estar morta

Do romance ao casamento


Um dia meu olhar cruzou com o seu
O coração bateu acelerado
As borboletas invadiram o estômago
O pranto encontrou o riso

A solidão que antes me fazia companhia
Foi embora sem deixar vestígios
E o pensamento se encantou
Com a presença do amor

O infinito se tornou possível
O eterno não mais se escondeu
O contentamento foi além do encanto
E a razão resolveu se perder em meio aos sentimentos

Veio então... o romance
O andar de mãos dadas
O sorrir para o nada
Os bilhetes melosos que sempre acompanham a paixão

Ah!!! E o primeiro “Eu te amo”
Tão doce
Tão puro
Tão nosso

E o tempo passou...
E na primavera de flores tão apaixonadas
O namoro amador
Se transformou em um passo sensato

E agora, já no inverno
Em meio a centenas de olhares
O meu encontrará novamente o seu
Para entao se perder no “felizes para sempre”

* Esta poesia eu fiz em homenagem a minha irmã Renata. No dia 15 desse mês ela se casará com o amor da vida dela – José Roberto. Eu acompanhei toda a história e acredito que a poesia acima descreve muito da história dos dois. Peço licença aos leitores para deixar aqui os meus sinceros votos de felicidade ao casal.

Desassossego da Mente


Há uma confusão dentro de mim.
Minha mente não sossega,
Diz querer e não quer,
Sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

Precisa criar...
Colocar ideias no papel,
Fazer de palavras, belas escritas;
De rabiscos, a mais luxuosa arte.

Quer transformar o mundo.
Borrar a hipocrisia,
Apagar a desigualdade,
Colorir os olhos mudos.

Necessita de poder...
Para fazer o possível,
Aceitar alguns limites,
E não ter medo de atropelar o impossível.

Quer sentir a liberdade.
Respirar o ar nobre da criação,
Mostrando com atos simples
Que nasceu com vocação.

Sossega!
Pare um pouco de me atormentar.
Chega...
Eu já entendi que é preciso constantemente inventar.

Término


Os dias floridos da primavera
Tornaram-se os mais nublados do inverno
As flores ficaram conturbadas
E as nuvens resolveram derramar lágrimas de infelicidade

O sorriso escondeu atrás do desgosto
Proibindo a mente de compor melodias
A face de executar alegria
E os olhos de mergulharem na paixão

O sentimento que antes vibrava
Agora encara o raciocínio lógico
Dizendo um basta aos quereres que não são meus
E jogando fora a máscara que por tanto tempo usei

Chega!!!
Não existe mais eu e você
É hora de seguir outro caminho
Deixando de lado as malditas migalhas que um dia me ofereceu

O que é a vida?


Uma criança pergunta para um sábio
- O que é a vida?
Ele para
Olha nos olhos pequenos do garoto
Suspira
Persegue as palavras
E espalha sem temores
- A vida é um doce sabor de quereres
(...)Misturado com o gosto amargo das desilusões

Paixão, muito prazer



Ardente companheira
Espelho da “vadiagem”
E das loucuras tão insanas

Seletista
Corajosa
Indiscreta
Um fardo para a mocidade

Sofrida
Profunda
Malvada e cheia de vontade

Esquisita
Traidora
Desesperada
Vilã das madrugadas

Eis que se apresenta...
Paixão, muito prazer
Feita para todos
Desvendada por tão poucos

O vento



O vento saúda a liberdade
Abraça a escuridão da noite
Suaviza lembranças que sufocam

Traz em conta gotas a saudade
Gostosa...
Repleta de desejos boquiabertos

Faz a jornada parecer menos estranha
Surpreende a emoção
Maltrata a razão já extasiada

Destranca as estrelas do céu
Faz serenata a qualquer hora
Causa alvoroço no que há de mais belo

Oh vento!
Eis que leva
E traz amores

Transforma prosa em melodia
Silêncio em estripulia
E vontade em mais vontade

O amor e o português


O amor faz lembrar o português...
Une pronomes
Suplica por substantivos
Aconchega-se nos adjetivos
Encontra-se ou se perde nos advérbios
Não abre mão de uma metáfora
Faz das frases um cupido
Usa o predicado a seu favor
Apoia-se no artigo
Questiona os numerais
Reprime o pleonasmo
E no final, faz um alvoroço com a pontuação
Colocando vírgulas descrentes
No lugar de um implorado ponto final

Xô rotina


Liga
Desliga
Marca encontro
Desmarca

Chama para sair
Muda a rota
Conversa
Suplica pelo silêncio

Olha
Sorri por sorrir
Encara
Faz pose sensual

Coloca um vestido curto
Sandália de salto alto
Passa batom
Faz boquinha de “Angelina Jolie”

Às vezes não se importa
Limpa a remela do olho
Veste um jeans básico
Coloca o chinelo nosso de cada dia

Mexe
Remexe
Mexe de novo
Remexe mais uma vez

Amor que é amor
Foge da rotina
Faz e não faz
Diz e não diz

Que venham dias,
Que venham noites,
A canção só muda o ritmo
E o sentimento só ganha com isso

Sonhei com você


Hum...
Meus olhos amanheceram brilhando
Meus lábios sorrindo a toa
E minha mente pedindo “bis”

Por horas senti o seu toque
O cheiro do perfume barato e doce
A voz rouca e tão somente sua
Dizendo baixinho palavras sedutoras

Viajei em um encontro de reencontro
Experimentei sensações tão nossas
Degustei de beijos tão quentes
Esqueci histórias frias escritas pelos cantos da casa

Corri para seus braços feito uma criança indefesa
Segurei forte suas mãos querendo não mais soltá-las
Entendi o poder de dois corações
Que não resistem em viver grandes emoções

Sonhei...
Sonhei com você!!!

E, hoje... o despertador que me desculpe
Mas ele foi intrometido o bastante
Tirando-me de um conto de fadas
E trazendo-me para uma vida de saudades

É hora de dizer adeus

De frente ao espelho
Paro
Fico calada
Perplexa

Suspiro...
Penso sem vontade de pensar
Sinto o coração pulsar acelerado
Encaro-me como se fosse a primeira vez

Uma lágrima então...
Começa a cair lentamente
O rosto pálido ganha a luminosidade do choro
E os soluços não conseguem permanecer escondidos

Disparo em solidão
Encontro nos gritos uma forma de desabafar
Suplico para que a saudade vá embora
E leve com ela o medo que tanto me apavora

E os segundos viram minutos...
Vejo refletir a imagem de um “eu” desfocado
Sozinho sem o “nós”, distante do “você”
Aprisionado em um passado que já se foi

Por que insiste em permanecer? Vá...
Sua hora já passou da hora
O momento é de dizer adeus
E ocupar o lugar que há muito tempo foi seu

Ser amigo



Ser amigo é ser irmão
É ser companheiro até quando
A companhia não é necessária

É falar o que pensa
Ouvir o que não esperava
Compartilhar momentos

Ser amigo é escrever uma mesma história
Com capítulos às vezes conturbados
Mas sempre com um final feliz

É relembrar com boas gargalhadas o ontem
Viver o hoje com intensidade
E fazer planos para celebrar o reencontro no amanhã

Ser é amigo é não se preocupar com a solidão
Não se importar com a quantidade
Mas sim com a qualidade do ser humano

É sorrir do nada
Chorar junto
Não viver pelo simples fato de estar vivo

Ser amigo é conhecer o infinito
A complexidade do estar perto
A cumplicidade da verdadeira amizade

É ser um vencedor
De um mundo capitalista
Que não se lembra de valorizar as pessoas

Ser amigo
É ser amigo do amigo
Tornando a vida mais simples e mais completa

A Mudança te escolhe

Ah, a mudança!
Ela que não tem medo de correr riscos
É apaixonada pelo inesperado
E não se importa do hoje ser diferente do ontem

Ela que não escolhe dia nem hora
Não se incomoda com as barreiras impostas
Faz vista grossa para a “cara feia”
Muda as vontades mas, preserva as qualidades

Ah, a mudança!
Que chega como quem não quer nada
Fala pouco e com um tom desafiador
Sorri do próprio medo

Faz a confiança desmoronar em segundos
Deixa o choro descontrolado
A personalidade abalada
O futuro mais incerto

Ah, a mudança!
Quando ela surge não adianta revidar
O jeito é abandonar caminhos
E abraçar o que ainda virá

Se ela te escolheu
Feche os olhos para o passado
Não se acorrente no presente
Viva e reviva o novo

O amor


O amor é uma melodia estranha
Que ao encontrar um complemento
Repousa na fascinação
Esquece a melancolia
E transborda o sentir de dois seres
Na fatalidade de um só sentimento

Temporal de ilusões



Eu estou desolada
Imergida em palavras doces
No esconderijo das verdades
Bem no refúgio do engano

Fui envenenada pela ilusão
Intoxicada por versos mal feitos
Empeçonhada por risos sem dignidade
Envolvida em uma história abortada

Acreditei no êxito do sentimento
Esperei pelo desejo do “para sempre”
Almejei prazeres tão nossos
Entreguei-me quando deveria ter recuado

Assassinei a minha realidade
Para viver um conto de fadas
Que com o passar das estações
Se tornou a fábula do insensato charlatão

E quando olho no espelho
Vejo refletir um ser indigesto
Que viveu um furacão de emoções
E terminou se afundando em um temporal de ilusões

Oração do poeta


Ó Senhor
Permita que os versos sejam eternos
Que embalem as almas felizes
E os prantos da donzela

Que a poesia encontre um caminho
Que seja infinita
E viva implorando a compreensão da rima

Ó Pai
Suplico pela inspiração
Fonte da junção das palavras
Essência das tímidas estrofes

Peço também que a madrugada não seja amarga
Que o papel tenha mais do que rabiscos
E que a luz só se apague depois da concepção poética

Ó Senhor
Que o amor seja o destino dos homens
A saudade uma companheira distante e liberta
Que os sonhos não sejam momentâneos
A fim de concretizar a vida em poesia

O "sim" no altar


Quando o amor fala mais alto
É hora de deixar de ser dois
Para viver a emoção de ser um só

É hora de jogar o medo pela janela
Amadurecer o verbo amar
E não ter receio do eterno

É hora de conservar a perene inocência
De reviver o passado que já passou
E relembrar das promessas misteriosas

De reviver o primeiro olhar
O beijo primário e abrasador
O toque ardente tão "nosso"

É hora de buscar o sossego
De dar passos juntos
Prosseguir escrevendo uma história

É hora de contemplar um ao ao outro
Subir ao altar com as pernas ainda trêmulas
E dizer sorrindo o "sim"
O "te aceito" para todo sempre

* Esta poesia dedico ao noivos Odete Cristina e Higor Honorato. Eles vão selar o amor neste sábado (23). Felicidades!!!

O inverno chegou


Uma brisa fria e arrogante
Toca o rosto
Arrepia o corpo
E faz tremer um coração desconcertado

As janelas batem sem parar
A lareira já não aquece como antes
O suspiro é gelado
E o cobertor me sufoca com o passado

O fondue não tem mais sabor
O vinho seco reflete o gosto amargo da vida
E  as taças, vazias e separadas
Sintonizam um tempo onde já não existe o "nós"

Lá fora a chuva chega devagar
Olho para os pingos
Doces, singelos, misteriosos
Procuro então, entender os amores
E desamores de cada estação

Infância

 

Ah!!!
Lembro-me de quando era criança
Quando pelas ruas corria descalço
Pulava amarelinha no passeio
E brincava de esconde-esconde

Enxergava a vida
Como uma amarração de alegrias
Onde eu era o protagonista
De um tempo de fantasias

Ah!!! Doce infância
Porque teve que ir embora
Deixando-me sozinho
Com as responsabilidades
Que quando pequeno não tinha

E agora, só me resta à saudade
De um tempo onde fui herói
Mocinho
E até o “bandido” das minhas próprias histórias

Com você



Sem você,
Não sou nada.
Com você,
Eu sou tudo.

Vejo a felicidade,
Trombo com a esperança,
Conheço a chama ardente da paixão,
Entendo o amor que vem do coração.

Faço o corpo sentir o suspiro sem sentido,
Dando adeus ao "nada",
Completando o "eu",
Indo ao encontro do "nós".

Com você,
Sou tudo.
Sem você,
Eu não sou nada.

* Esta é uma homenagem do blog Poesia Impulsiva a todos os casais que deixaram de ser "nada" para se tornarem "tudo". Que neste Dia dos Namorados vocês vivam e revivam o amor, esse sentimento tão profundo e tão pouco compreendido.

O amor precisa ser livre



Amor que prende
Não é amor

Amor que cobra
Não é amor

Amor que acorrenta
Não é amor

Amor que amarra
Não é amor

Amor que segura
Não é amor

Amor que domina
Não é amor

Então...
Pergunto-me quieta
E no silêncio dos olhares
“O que é o amor?”

Ah, o amor...
É o rompimento das prisões
E dos sentimentos imaturos
Colocados atrás das grades do coração

O verso e a rima



O amor pode acabar,
A saudade pode passar,
O perdão pode chegar.

As lembranças podem variar,
O sorriso pode acalmar,
O choro pode lamentar.

Os braços podem acariciar,
O corpo se acasalar,
E o coração acelerar.

O silêncio pode incomodar,
O desejo se acorrentar,
O prazer se acumular.

O que não pode...
É a poesia se afastar,
O verso se apagar,
E a estrofe não aflorar.

Vontade


A vontade me amarra
Grita meu nome incansavelmente
Sinto-a tão próxima como a respiração
E as vezes tão distante como o coração

Ela me engana
Pertuba-me
Fala quando quero silêncio
E se cala quando preciso ouvir

Ela me faz brigar de insatisfação
Rebelar-se contra esse mundo mesquinho
Tão cheio de ego
E repleto de sentimentos em migalhas

Ah! A vontade...
Implora que eu feche os olhos
E não enxergue a degeneração do que o homem
Insiste em chamar de amor

Traição



Fingiu se entregar plenamente,
Dividiu momentos,
Somou histórias,
Buscou complementos.

Transformou duas vidas em uma,
Disse “eu te amo” como se fosse “bom dia”,
Assumiu um romance publicamente,
Fez juras do “felizes para sempre”.

Os dias passaram...
As brisas quentes já não eram iguais,
A lua perdeu o brilho tão dela,
E a flores não perfumaram mais os jardins.

Dois seres então viraram três.
As brigas se tornaram constantes,
A confiança se extinguiu,
Os planos perderam todo o valor.

A dignidade foi traída
Por um prazer momentâneo,
Que agiu no egoísmo
Deixando um coração no vazio.

E, hoje...
O sonho futuro se escapa em lágrimas frias
Escondendo-se na vergonha alheia
Que não foi capaz de se contentar com o “nós dois”.

Maldito Passado


O coração permanece doentio
Sofrendo com quereres
Apartando rumores
Escondendo anseios

Sobre a luz anêmica
Uma lágrima rola solitária
Regredindo a vida
E amaldiçoando o tempo perdido

As noites são mais prolixas
A saudade incontrolável
O corpo fica ludibriado
Difundindo-se em desejos ocultos

Os cantos se tornam covardes
A vida uma fugitiva
Onde a criatura quer viver no presente
E a alma insiste em permear no maldito passado

Definição do amor


O amor não é algo que se amarra,
Não é obrigação momentânea,
Nem acontece por capricho
Ou querer individual.

É um sentimento desequilibrado
Que surge na esquina,
Em um domingo de lua cheia
Ou até mesmo no encontrar de olhares estranhos.

É um silêncio forasteiro,
Enlace das mãos,
Junção de seres,
Encontro compulsivo de quereres.

É uma fantasia descontrolada,
Uma ambição ridícula,
Razão sem razão,
Esperança para quem não tem esperança.

O amor... Ah, o amor!
É o céu,
E ao mesmo tempo o inferno
De quem ama.

Amor de um viajante

Aqui estou eu
Sentado na poltrona triste
De um ônibus lotado
De sonhos e silêncio

Pela janela observo
A bela paisagem a correr
As árvores dançando embaladas pelo vento
E as nuvens observando tantos desejos ocultos

As montanhas lá fora estão no comando
Umas altas, outras baixas
Mas todas protagonistas
De um cenário de lembranças estranhas

Da janela o pensamento começa a surgir
Olho para o lado
E com uma poltrona vazia me deparo
Relembrando então, os momentos que não foram só momentos

Lembro-me do tempo
Que o eu não era só eu
Que o amor me abraçava
E a paixão me fazia suspirar

Em todo inverno eu tinha uma companheira
Com quem os sorrisos eram divididos
Os momentos eram compartilhados
E as histórias se somavam

Ah, a donzela!
Era minha musa de estrada
Colega das paradas
De um ônibus lotado e mal amado

Era ela que me arrancava suspiros
Fazia-me ir de adulto a criança em instantes
Apreciar a natureza tão só
Sorrir sem ter pressa de parar

Ela tinha o dom de me fazer ser eu mesmo
Sem artimanhas
Sem frescuras
Com os meus defeitos tão meus

E todo inverno era assim...
Sentia-me único
Feliz por algumas horas
Até que o ônibus paresse e ela dissesse o adeus

Não me sentia triste com a partida
Sabia que o adeus não era adeus
E que no próximo inverno nos encontraríamos
Para vivermos o que em um ano não foi vivido

E hoje, era o nosso dia
O inverno ia deixar de ser inverno
O amor viajante ia se tornar presente
Isso, se ela tivesse aparecido

Salve o amor

Lá está ele!
Triste,
Sem vida,
Lamentando o passado,
Revivendo as desilusões.

Em seu barco de papel,
Ele rema sem parar,
Às vezes pensa em desistir,
E nas águas escuras se afogar.

Salve, salve o amor!
Antes que ele se torne relapso,
Se entregue a um fracasso traidor,
E não compreenda jamais,
Que o amor é companheiro da dor.

Amor confuso

Um ser inocente
Descobre a confusão de amar
Convive com um novo corpo
Mata a sede de namorar

Sorri sem medo
Chora um choro sem coesão
Tem êxtase de sentimentos
E raiva da solidão

Vive sem prudência
Os limites desmente
Canta a paixão em versos
E beija a poesia intensamente

Vira e revira
Encontrando o esplendor
Na volta se depara
Com um intenso amor

Amor que vem do amor,
Que esbarra na dor,
Que provoca calor
E entende o estranho amor.

Mãe


Ela me entende sem que eu precise falar,
Me escuta mesmo quando meu choro é silencioso,
Adivinha meus anseios mesmo quando são incertos.

Sabe dos meus sentimentos,
Dos amores pelos quais suspirei,
E dos desamores que por momentos eu amei.

Ela tem sabedoria divina,
Amor incondicional,
E perdão integral.

Sabe dos meus pontos fortes,
Dos arriscados defeitos tão meus,
Das fraquezas de um adulto ainda criança.

Ela é a flor do deserto,
A chuva nos dias quentes,
O sol do inverno,
Um anjo que pediu licença ao céu.

Ela é Mãe!
Minha,
Sua,
Nossa...


* Esta é a homenagem do Blog Poesia Impulsiva a todas as mamães. Feliz Dia das Mães!!!

Adeus solidão



O tempo anunciava o amor
Os olhares ardentes se imortalizavam
O canto sentimental não tinha mais medo

Um pacote de sentimentos estava aberto
Vendo o dia se acabando em beijos
Diante do meio silencio já não existente

Foi então...
Que a solidão caminhou sozinha para o túmulo
Observando os corpos
Que imploravam pela embriaguez das almas